A Guerra do Pacífico e a Derrota Japonesa.
O avanço ao Pacífico Sul representava confronto com a Inglaterra, França, Holanda e os EUA que mantinham ali suas colônias. Além disso, o Japão mantinha um ódio tamanho contra a Rússia que a criação do estado da Manchúria representava o ponto estratégico para os ataques a seu território.
Os russos, por sua vez, procuravam manter uma relação amistosa para não excitar o ânimo dos japoneses.
O ministério de Hirota e o poder militar, isolados do mundo se aliaram à Alemanha nazista em confronto com a Rússia, a Inglaterra, a França e os EUA na Europa, em novembro de 1936, um mês após a aliança Alemanha-Itália. Formalmente era uma aliança em defesa dos interesses contra as forças revolucionárias comunistas do mundo inteiro, porém, na realidade se destinava a uma cooperação para atacar os soviéticos. A Alemanha havia sido dominada pelo partido nazista de Hitler há três anos. Quebrou o Tratado de Versalhes e seguia firmemente na militarização do país e já estava iniciando uma perseguição implacável contra os russos e judeus. A ideologia fascista/nazista se dizia contra o capitalismo, defendia o social-naturalismo, entretanto, na realidade nada mais era que um poder ditatorial agressivo e centralizador.
Os movimentos terroristas que eclodiam no Japão, como o Incidente 2-26 era também um reflexo desses movimentos internacionais e a sua finalidade principal era apoiar e obter o fascismo imperial.
Houve, então, um fato decisivo que influiu definitivamente no destino do Japão e conseqüentemente na direção que os conflitos iriam tomar: em 1º de agosto de 1935, foi feito um acordo entre o povo chinês para acabar com todos os conflitos internos e o esforço do povo nas lutas contra os japoneses imperialistas.
Havia dois fatores que permitiram o domínio japonês nas terras chinesas:
1. Conflito interno entre os vários povos e raças dentro do território chinês.
2. O imperialismo da aliança Inglaterra – EUA que a esta altura estava se enfraquecendo com o Acordo de Washington.
Entretanto, a Inglaterra ainda se mantinha tolerante às atitudes japonesas por temor de que a China se rendesse ao comunismo.
Agora, porém, a unificação do povo chinês desafiava o poder imperialista japonês.
Hideki Tojo, comandante do exército convenceu o Premiê Fumimaro Konoe a atacar o governo chinês, para convencê-lo do poderio militar japonês. Em 7 de julho de 1937, forjando um ataque do exército chinês num subúrbio de Pequim contra os japoneses, o exército nipônico desferiu um ataque contra os locais. É o “Incidente Chinês”.
A 29ª esquadrão chinesa não resistiu e logo se rendeu, fazendo um acordo de cessar-fogo em 11 de julho. Porém, no mesmo dia o Ministro Konoe apelava por todos os meios de comunicação a seu alcance ao povo japonês pela unificação irrestrita, “nesta situação decisiva e extraordinária”.
O exército japonês iniciou uma ofensiva em 28 de julho em Tentsu, Pequim. Em 13 de agosto, iniciou um outro ataque a Xangai.
Nesta aventura chinesa, as forças armadas utilizaram-se de 2/3 de todo o contingente militar e dizimaram mais de 200000 homens e mulheres. Era a aposta dos militares japoneses que com esses ataques o povo chinês cessaria o seu movimento antiimperialista.
Embora houvesse grande avanço japonês, os chineses não se rendiam, muito pelo contrário, a cada derrota, se motivavam para lutar mais. Mesmo um milhão de soldados japoneses não eram suficientes para enfrentar a enorme extensão territorial e os 600 milhões de chineses unidos por um ideal e que acreditavam que cedo ou tarde a situação se inverteria. A estratégia chinesa passou para as guerrilhas. Mesmo dentro do seu domínio, os japoneses não podiam mais permanecer sossegados.
O governo, as forças armadas, os partidos, os cientistas e os analistas tinham subestimado o despertar da consciência chinesa...
Toda a agonia sofrida pelo povo chinês servira para o nascimento de uma nova nação.
O Japão havia vencido as guerras contra os governos (entenda-se exércitos) da China, Rússia e Alemanha, porém agora a guerra era contra o povo chinês. Com o início da luta na China, todo o movimento social no território japonês foi revertido para o esforço da guerra e o parlamento e os partidos políticos se transformaram num instrumento de aplausos das forças militares.
A 73ª Assembléia de março de 1938 deu carta branca ao governo usufruir todos os bens do país para a guerra. O fascismo imperial entrava na sua segunda fase. O deputado Takao Saito levantou a inconstitucionalidade desta resolução, sendo reprimido com um seco “Cale a boca!” do coronel Sato, não havendo , no recinto, nenhuma outra voz para defendê-lo.
O plano dos militares era controlar os movimentos antinipônicos na China e investir ataques contra os soviéticos; porém, a resistência chinesa impossibilitava tal intento.
Mesmo assim, em julho de 1938, o exército japonês atacou um domínio russo, sendo rechaçado. Repetindo outro ataque em maio de 1939 na fronteira entre Manchúria e Mongólia, em Nomonhan, foi dizimado pelas forças combinadas russos-mongóis após três meses de intensas batalhas, fazendo com que os comandantes japoneses desistissem por ora de novas tentativas.
Nesse ínterim, em novembro de 1938, a Alemanha propôs ao Japão uma aliança militar contra a Rússia, a Inglaterra e a França. Enquanto o Premiê Hiranuma prosseguia a negociação após a demissão do Premiê Konoe a aliança era defendida pelo exército que há muito admirava a Alemanha nazista, enquanto a Marinha e o Ministério do Exterior insistia em manter como inimigo apenas a Rússia. Entretanto, enquanto o exército japonês sofria na batalha de Nomonhan, a Alemanha assinou um acordo de não-agressão com a Rússia em 23 de agosto de 1939, deixando isolado o Japão. O dilema levou o Ministro Hiranuma a pedir demissão do cargo.
Logo a seguir, em 1º de setembro a Alemanha invadiu a Polônia num ataque fulminante. No dia 3 a Inglaterra e a França declararam guerra contra a Alemanha.
Os ataques japoneses à China, a invasão de Etiópia pelas tropas italianas e a quebra de Acordo de Versalhes pela Alemanha, indicavam a ruptura de todos os acordos de domínio dos impérios pós Primeira Guerra Mundial, e a eclosão de lutas na Europa significava a segunda etapa deste conflito.
A esta época, a economia japonesa estava em grande declínio. Havia a escassez de material de primeiras necessidades e a agricultura acusava a falta de mão-de-obra devido à convocação militar. Para suprir as necessidades internas, importavam-se produtos da Coréia e Taiwan, levando à escassez estes territórios, aumentando a revolta contra os dominadores.
A crise econômica levou os japoneses a cobiçar o petróleo e borracha do sul do continente asiático. Em maio e junho de 1940 a Holanda e a França se renderam aos alemães e a Inglaterra, sendo alvo dos nazistas não podia vigiar com eficiência a longínqua Ásia. Aproveitando-se da situação, o Japão forçou o governo da Indochina a permitir a entrada do seu exército ao território (atual Vietnã). Esta postura japonesa irritou sobremaneira os americanos e em janeiro daquele ano tornou sem efeito o contrato de comércio entre os dois países e em julho efetivou o controle de exportação de armamentos ao Japão.
Em setembro o Japão aliou-se à Alemanha e Itália, formando o Eixo contra os EUA.
O ministério de Konoe foi o grande responsável para a unificação de todo o país para o esforço da guerra.
São seguintes as diretrizes definidas por Konoe, juntamente com os futuros ministros do Exército, da Marinha e do Exterior, Hideki Tojo, Zenzo Yoshida e Yosuke Matsuoka:
1) Fortalecimento da economia da guerra;
2) Fortalecimento dos laços do Eixo Japão, Alemanha e Itália;
3) Acordo de não-agressão com a Rússia, a fim de se ganhar tempo para um futuro confronto;
4) Ocupação e domínio das colônias inglesas, francesas, holandesas e portuguesas no Sudeste Asiático;
5) Preparação para a reação dos EUA contra a diretriz anterior;
6) Completar o domínio da China através de novas estratégias mais eficientes;
7) Estimular o espírito de unificação nacional.
Embora após a guerra, muitos acreditassem que o Ministro Konoe era contra a guerra, ele de fato foi o grande responsável para a preparação da nação japonesa no esforço da guerra da conquista. Cada diretriz foi aplicada conforme o plano: a vida de cada cidadão estava totalmente comprometida com o esforço da guerra.
Em 22 de junho de 1941 a Alemanha atacou a Rússia traiçoeira e fulminantemente, penetrando o seu território a fundo. O Exército e o Ministério do Exterior levantaram a hipótese da invasão imediata à Sibéria, enquanto Konoe e a Marinha pregavam cautela. Foi convocado um contingente de 700000 soldados para a prontidão e eventual luta com os russos e a quebra do tratado de não-agressão.
A ofensiva japonesa ao Sudeste Asiático foi o motivo suficiente para que os EUA se posicionassem definitivamente contra os nipônicos.
As negociações entre os dois países a partir dos fins de 1940 eram apenas desculpas para ambos ganharem tempo. Na reunião entre o governo e as forças armadas em 6 de setembro de 1941, foi decidido que se a negociação não chegasse a um termo satisfatório, os combates com os EUA se iniciariam imediatamente.
Em outubro houve discussão entre Tojo e Konoe, o primeiro insistindo no ataque aos EUA e o segundo na negociação. No dia 16 de outubro o Primeiro Ministro apresentou um relatório minucioso sobre o atrito e o seu pedido de demissão ao Imperador. Este, aconselhado pelo Ministro Koichi Kidonai, nomeou Tojo Primeiro Ministro em 18 de outubro.
No dia 29 de novembro o Imperador reuniu os elementos do Primeiro Escalão do governo para ouvir a opinião a respeito da guerra contra os americanos. A discussão foi restrita a detalhes e ninguém se responsabilizou pela ação. Tojo afirmou que uma vez na vida o homem precisa se arriscar. O comandante da Marinha disse que para salvar um doente, é, às vezes necessária uma cirurgia de risco.O Imperador sabia que a Marinha não tinha a convicção da vitória.
No dia seguinte o Imperador convocou o Ministro da Marinha e o Comandante do Exército e perguntou-lhes se tinham a confiança na vitória, e ambos responderam que havia uma grande possibilidade. O Imperador, então, mandou dizer ao Tojo via Kidonai “Prosseguir com o plano”.
No dia 8 de dezembro o Japão atacou o Pearl Harbour.
O ataque da Alemanha contra a Rússia em junho e o início do confronto Japão-EUA caracterizam a terceira etapa do Conflito Mundial. Envolvendo assim, praticamente o mundo inteiro.